Ao contrário de ti, ele não fala, mas isso evita que ele diga porcaria como tu muitas vezes disseste. É claro que é deprimente e desesperante o facto de ele não conseguir pronunciar uma única palavra, principalmente quando eu mais preciso dele, mas tu também não me confortaste quando eu mais precisei de ti.
O seu silêncio acaba por ser de facto, reconfortante. É bom saber que ele está aqui do meu lado todas as noites. Ouve-me chorar, sente as minhas lágrimas caírem sobre si quando o abraço apertadamente, mas não reclama. Não acha que é idiota e inútil chorar, não me acha falsa nem ridícula por isso. Pelo contrário, ele sabe o quanto as minhas próprias lágrimas me consolam.
Apesar de ele não falar, eu não hesito em desabafar com ele. O mais interessante é ver que quando eu abro a boca para o fazer, ele não foge a sete pés, mas permanece bem pertinho de mim. A ele, ainda não lhe faltou a paciência para me aturar como falta a todo o mundo mais tarde ou mais cedo, como te faltou a ti.
Ao lado dele, sinto-me segura e aconchegada. Acho que pela primeira vez na vida, consigo confiar em alguém a cem por cento. Sabes porquê? Porque sei que mesmo que a paciência lhe esgote e mesmo que ele fique farto de mim, ele nunca vai desistir. Sei que ele nunca me vai virar as costas e fugir como tu fizeste, deixando-me sozinha a chorar.
Ele é o oposto de ti. Nunca fez promessa nenhuma, mas vai cumprir as promessas que nunca fez. Quando eu me desfizer em lágrimas enquanto grito o teu nome logo à noite, ele vai ficar deitado ao meu lado sem dizer uma única palavra, sem me julgar. E quando eu olhar para os olhos dele, vou perceber mais uma vez que ele me ama e me vai continuar a amar para sempre.
Pela altura em que eu o a amar de volta, ele já terá deixado de ser um peluche e ter-se-á tornado numa pessoa real. Espero eu.